Seja para a obtenção de cidadania italiana, portuguesa ou espanhola, o direito é adquirido pela herança de sangue, entre outras possibilidades, mas o próprio sobrenome, transmitido pela filiação, pode indicar a origem da família, nortear a descoberta sobre a vida dos antepassados e, com essa informação, direcionar o processo de obtenção da dupla nacionalidade.
Em diversos países, programas específicos facilitam o reconhecimento de descendentes de seus cidadãos que, com ciência de sua herança cultural, têm a chance de morar, trabalhar e estudar nesses locais. Saber de onde vem o sobrenome, dessa forma, pode não apenas saciar uma curiosidade, mas possibilita firmar uma nova conexão com as raízes culturais, conhecer a trajetória dos ascendentes, e estabelecer uma relação mais estreita com um país com que reparte a história da família.
Para construir a origem familiar, há diferentes maneiras de proceder. Pode ser montar a árvore genealógica, recorrendo à internet, ou conversando com familiares e amigos. Para elaborar a árvore genealógica, o primeiro passo é anotar tudo o que já é informado sobre pais, avós e bisavós, contemplando nomes completos, data de nascimento, casamento e óbito, se for o caso.
Outro dado importante que pode ser incluído é o lugar onde viveram, se for de conhecimento. Localizar documentos importantes, como certidões de nascimento, casamento e óbito, é mais um caminho valioso para chegar à origem da família. Censos antigos e registros em paróquias são um importante auxílio.
Obter relatos de parentes mais velhos é mais um meio crucial para montar a história da família. São uma fonte inestimável de lembranças e podem revelar detalhes sobre os antepassados que enriquecerão a árvore genealógica. Uma direção é conversar com parentes informalmente, telefonar, enviar um e-mail, uma mensagem ou mesmo fazer uma visita. Outras dicas são começar por pessoas próximas, como pais e avós, e fazer questionamentos objetivos e específicos. O bate papo pode levar a obter mais do que o local de casamento como resposta – dá para saber a data, os nomes deles antes de se casarem, alguns locais onde aconteceram fatos importantes naquela época, entre outros dados, até quais eram seus sonhos, por exemplo.
Se for uma possibilidade, uma boa ideia é pedir cópias das coisas que pertenciam à família, como reproduções de diários, fotos ou registros antigos – reunir todas essas informações, quem as forneceu e como foram conseguidas ajuda a organizar tudo.
Mais do que simplesmente dados nos gráficos de uma árvore genealógica, ancestrais são personagens de uma história.
Outro caminho é a internet. Atualmente existem endereços eletrônicos especializados em genealogia que ajudam a identificar informações sobre familiares em bancos de dados e registros históricos, reunindo bilhões de famílias. São canais que contam com grandes acervos genealógicos pelo mundo inteiro, como o Family Search e o My Heritage.
Com o preenchimento de dados pessoais, como nome, a data e o local de nascimento e casamento e, também, a data de falecimento de familiares, o sistema traça uma árvore genealógica, um gráfico de linhagem, com as principais informações sobre a família e, muitas vezes, o serviço é gratuito e estendido a todos que tiverem interesse.
Alguns sites permitem ainda buscar documentos digitalizados de pessoas com o mesmo nome que nasceram até nos anos iniciais do século 20 e outros, com base em informações coletadas em diversos países, mostram onde está a maior parte de pessoas com sobrenomes iguais, identificando inclusive os sobrenomes mais comuns nos países pesquisados.
Outros sistemas possibilitam localizar novos parentes e descobrir origens étnicas, por meio de tecnologia inovadora e teste de DNA. O interessado também pode participar de grupos sobre cidadania nas redes sociais, por exemplo.
Uma boa ideia é unir esforços com parentes distantes que, eventualmente, também estão à procura de suas origens. Isso pode ser feito recorrendo a redes sociais e fóruns de genealogia. No decorrer da elaboração da árvore genealógica, uma recomendação é ir organizando as informações relevantes conforme forem surgindo. Para isso, existem softwares específicos, mas outra dica é montar o esqueleto em um caderno ou mural físico mesmo.
Elaborar a árvore com os componentes da família é uma empreitada emocionante e surpreendente. Saber sobre raízes leva a encontrar histórias incríveis e construir novas conexões com o que já passou. Pode ser uma busca que, inclusive, leve o pesquisador a mais oportunidades de cidadania e vida no estrangeiro.
Outras instituições e bancos de dados ajudam na pesquisa genealógica no Brasil. Alguns exemplos incluem os arquivos estaduais e municipais e registros religiosos mantidos por igrejas, além de certidões disponíveis em cartórios.
É indicado solicitar a certidão de nascimento da pessoa mais velha, que se sabe onde está, em inteiro teor, já que, nesse modelo, constará nomes dos pais, avós e, possivelmente, seus lugares de nascimento.
Mais uma ideia é visitar arquivos, museus e cemitérios para identificar listas de bordo, cartões de imigração e fichas de enterro, ou procurar documentos de imóveis e terras em cartórios de notas. Caso o ascendente for de outro país, os consulados podem ajudar, informando onde esses documentos possivelmente estão.
É comum acontecer de o postulante à nova cidadania se deparar com problemas derivados de incongruências nos registros históricos, o que dificulta o processo. São imprecisões que fazem da ciência sobre a ancestralidade um verdadeiro desafio. Isso porque podem ocorrer toda sorte de erros nas certidões, como de grafia, o que mais comumente ocorre, ou equívocos cronológicos.
Há tempos atrás, a ausência de padronização, a caligrafia ilegível e a transcrição manual eram recorrentes, levando à escrita de nomes de forma equivocada. Um mesmo sobrenome pode ter sido registrado com variações ao recorrer do tempo, o que dificulta a rastreabilidade dos antepassados.
Em outra situação, também acontecia de imigrantes que chegavam em novos países terem os nomes adaptados ou traduzidos para o idioma local, o que, em muitos casos, acarretava confusão e erros na documentação oficial. Alterações de sobrenome por razões culturais ou sociais, adoção ou mesmo erros propositais para evitar perseguições, são mais fatores que impactam a precisão dos registros genealógicos.
Arquivo Nacional e Museu da Imigração
Com milhares de registros sobre estrangeiros que emigraram para o Brasil, o portal SIAN (Sistema de Informações do Arquivo Nacional) é mais uma ferramenta valiosa para ajudar na caça pela origem do sobrenome e encontrar documentos de antepassados. É um recurso gratuito oferecido pelo governo brasileiro, através do qual se pode descobrir informações que agregam à busca para reconhecer cidadania estrangeira ou saber sobre mais ascendentes.
O sistema oferece acesso a diversos acervos digitais, abrangendo registros como censos, passaportes, registros civis, documentos com registro da entrada de imigrantes no Brasil, entre outros. Tem como objetivo facilitar o acesso dos usuários a documentos históricos, contribuindo para a pesquisa, a preservação da memória nacional e a promoção do acesso à informação.
No site, é possível encontrar uma variedade de acervos digitais, como documentos textuais, fotografias, mapas, filmes, vídeos e áudios. Esses acervos abrangem diferentes períodos da história brasileira e cobrem diversos temas, como administração pública, política, cultura, sociedade, entre outros.
Por sua vez, o Museu da Imigração do estado de São Paulo é um dos principais espaços para encontrar e entender a história do Brasil. O espaço reúne um grande acervo de dados e documentos sobre navios que chegaram ao país, além de publicações impressas em outros idiomas. O museu dispõe de um amplo arquivo digitalizado, com milhares de imagens para consulta.
Assessoria para Pesquisa Genealógica
Fazer toda essa pesquisa sozinho é uma opção, mas o trabalho é maior e pode ser um processo não tão eficaz. Um caminho mais certeiro é contratar um pesquisador, ou seja, profissionais especializados, uma forma segura e rápida para descobrir a origem de cada sobrenome. A Travessia Cidadania oferece esse serviço. Temos conhecimento e acesso a recursos específicos que vão auxiliá-lo a rastrear sua árvore genealógica. Analisamos seus dados em busca de toda a sua linhagem com base em documentos oficiais, auxiliando na montagem da árvore genealógica e, assim, encontrando suas raízes.
Saber de onde vem o sobrenome é um ponto de partida interessante na procura pela cidadania ancestral, essencialmente em países que contam com programas de naturalização para descendentes de seus cidadãos. O levantamento genealógico dá pistas essenciais acerca da descendência e a possibilidade de elegibilidade para a cidadania. Ainda assim, vale ressaltar que os caminhos para a obtenção da cidadania não são tão simples assim e podem variar significativamente conforme o país.
Em muitos lugares, está previsto na legislação que indivíduos com ascendência em seus territórios obtenham a cidadania com base em sua herança familiar. Mas, de forma geral, a simples identificação de um ancestral não é suficiente para garantir a cidadania.
Conseguir a dupla cidadania envolve uma série de requisitos legais e administrativos que devem ser cumpridos. Cada país tem suas próprias regras, critérios de elegibilidade e documentos específicos que devem ser apresentados para comprovar a descendência.
Mais que isso, as normativas de cidadania mudam com o tempo, o que faz o processo ainda mais trabalhoso – a pesquisa genealógica pode ser um processo complexo e requer paciência. Conforme avança, pode ser necessário combinar informações de várias fontes e realizar investigações adicionais para preencher lacunas na árvore genealógica.
Com a árvore genealógica da família elaborada e a pasta de documentos em mãos, ficará entendido por qual via o postulante terá direito à cidadania, seja administrativa ou judicial, e quais os próximos passos para conquistar esse direito de tão longe escondido.